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2 de agosto de 2012

Elefante-Africano-da-Savana


Ordem: PROBOSCIDEA 

Família: Elephantidae 


Distribuição e Habitat : Encontram-se em quase toda a África Subsariana, mas principalmente em áreas protegidas. Vivem em savanas e estepes semidesérticas. 


Identificação:O elefante-africano-de-savana é o maior animal terrestre. Incluindo tromba, mede cerca de 6 a 7,5 metros de comprimento. Só a tromba pode medir cerca de 150 cm. Já de altura mede cerca de 2,2 a 3,7 metros ao garrote e pode atingir os 7500 kg. O dorso é côncavo, com forma de sela. A fronte é convexa. As orelhas são muito grandes, com o bordo posterior arredondado e podem cobrir a parte superior das espáduas. Os elefantes abanam-nas para facilitar o arrefecimento corporal ou quando são importunados. O lábio superior e o nariz formam a tromba, muito enrugada, que apresenta dois apêndices digitiformes na extremidade. Esta é usada para cheirar, manusear objectos, recolher alimentos e água e ainda para defesa, ataque ou demonstrações de afecto. As presas não são mais do que os dentes incisivos superiores e crescem durante toda a vida. Estão desenvolvidas em ambos os sexos, embora sejam menores nas fêmeas. São usadas para combater, para escavar raízes e para arrancar a casca das árvores. Os elefantes não têm caninos, têm dois incisivos superiores (as presas) e quatro molares funcionais de cada vez, que vão sendo substituídos periodicamente ao longo da vida do animal, em seis fases sucessivas: a primeira aos dois anos; a segunda aos seis anos; a terceira aos nove; a quarta e primeira dentição de adulto entre os 20 e 25 anos; finalmente, surgem os quinto e sexto pares de molares. Os elefantes velhos não desenvolvem novos molares, pelo que, à medida que estes se desgastam, vai-lhes sendo cada vez mais difícil alimentarem-se, levando-os a um enfraquecimento gradual e à morte. Os sentidos da audição e do olfacto estão bem desenvolvidos. A pele grossa, com pêlos escassos, é muito sensível e, por isso, é molhada constantemente e esfregada com terra. As patas anteriores têm quatro unhas e as posteriores três. Estudos científicos recentes (baseados em dados de biologia molecular) sugeriram que os elefantes-africanos-de-savana e os elefantes-africanos-da-floresta, anteriormente incluídos numa única espécie com a designação científica de Loxodonta africana afinal devem ser considerados espécies diferentes. Assim, os investigadores propuseram que se mantivesse a designação Loxodonta africana para os elefantes-africanos-de-savana e se utilizasse a designação Loxodonta cyclotis para os elefantes-africanos-da-floresta (esta última já era, aliás, anteriormente utilizada por alguns cientistas para designar os elefantes-africanos-de-floresta como uma subespécie, isto é, Loxodonta africana cyclotis, por oposição a Loxodonta africana africana referida para os elefantes-de-savana). O elefante-africano-da-floresta é mais pequeno, tem presas mais compridas e estreitas e orelhas mais arredondadas.

Hábitos:Procuram alimento de manhã, ao final do dia e durante a noite. Repousam no meio da vegetação durante as horas mais quentes do dia. Deslocam-se grandes distâncias para procurar alimento e água. Podem causar danos consideráveis na vegetação dos locais por onde vão passando, pois são caprichosos, derrubando as árvores só para comer os raminhos mais novos. São animais gregários, que vivem normalmente em grupos familiares de fêmeas e crias (grupos “matriarcais”) geralmente com 10 a 30 indivíduos, que apresentam ligações muito fortes entre si e um comportamento cooperativo, especialmente no que se refere às crias. O grupo é conduzido pela fêmea mais velha, a matriarca, que detém os conhecimentos sociais do grupo e das características do meio. Esta tem uma influência decisiva sobre o comportamento dos restantes elementos do grupo: se ela atacar um ofensor, os outros elementos do grupo aguardam o desenlace; se esta fugir, todos fogem. Os machos, por outro lado, têm tendência para viver sozinhos ou em pequenos grupos temporários. Neste caso, se forem atacados e tiverem de fugir, fazem-no cada um por si. Podem formar-se grupos até 200 animais que, na época das chuvas podem mesmo atingir os 1000 indivíduos.

Dieta:Alimentam-se de folhas, rebentos, frutos e casca de árvores, bem como de raízes e da folhagem de arbustos. Bebem, diariamente, cerca de 200 litros de água e ingerem perto de 150 a 300 kg de matéria vegetal.

Reprodução: 
Os machos juntam-se às fêmeas quando alguma destas está no cio. As fêmeas têm o cio apenas durante alguns dias, na segunda metade da estação das chuvas e nos primeiros meses da estação seca. Fazem chamamentos subsónicos que se podem propagar até cerca de 10 km, pelo que os machos podem percorrer longas distâncias por dia para encontrar fêmeas reprodutoras. Ao localizá-las os machos ainda terão de competir, vencendo, geralmente, o maior e mais forte. A gestação dura 22 meses, nascendo uma cria, por vezes duas. O parto pode ser assistido por outras fêmeas. As crias são amamentadas no máximo até aos dois anos de idade. Atingem a maturidade sexual entre os oito e 12 anos de idade.


Estatuto de conservação e principais ameaças:É uma espécie em perigo (segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza). Pertence ao Ap. I da CITES. Está muito ameaçada pela destruição do habitat (aumento de terras cultiváveis) e pela caça para obtenção do marfim e da carne, que, em alguns locais da floresta equatorial do Congo, chega a valer mais do que o marfim. Actualmente, a sua conservação só é possível em parques naturais, em função da quantidade de alimento disponível e de uma gestão rigorosa.

1 de agosto de 2012

Urso-pardo


Ordem: CARNIVORA 

Família: Ursídeos 

Distribuição e Habitat : Encontram-se na Europa (cordilheira Cantábrica, Pirenéus, Escandinávia, Alpes e Cárpatos), na América do Norte e na Rússia. Vivem em florestas de coníferas, em regiões montanhosas e na tundra.



Identificação:Têm o corpo pesado e robusto, cauda curta e patas fortes com cinco garras não retrácteis, que podem atingir os 10 cm nas patas anteriores e são utilizadas para escavar o solo em busca de alimento ou de abrigo, para pescar, para trepar e para defesa. A cabeça é larga com orelhas curtas e arredondadas e o focinho é comprido. As dimensões e peso destes animais dependem da localização geográfica, da altura do ano, da disponibilidade alimentar, do sexo e da idade, mas os animais maiores tendem a ser encontrados a norte da área de distribuição da espécie. No Outono, atingem o peso máximo devido às reservas de gordura acumuladas (os machos podem chegar a pesar 780 kg, ou seja, mais do dobro do seu peso no período pós-letárgico). As fêmeas são bastante mais pequenas e leves que os machos. A pelagem é normalmente castanho-escura, embora existam variações entre os tons castanho-claro e negro. É mais densa no Outono e mais leve no início do Verão. Os juvenis apresentam, normalmente, uma banda amarelada em torno do pescoço. 

Hábitos:São animais solitários, embora se possam reunir de forma relativamente pacífica em locais onde o alimento seja abundante, como acontece durante a época da desova do salmão, no Santuário de caça do rio MacNeil, no Alasca. Os territórios dos machos sobrepõem-se aos de várias fêmeas (que são mais pequenos) e de outros machos. As marcações de território são conseguidas por meio de raspagens na casca das árvores, nas quais esfregam as costas, deixando pêlos e odores. Recolhem-se durante o Inverno numa cavidade subterrânea forrada com vegetação seca ficando num estado letárgico. Este está relacionado com a escassez de alimento nesta altura do ano, uma vez que é necessária bastante energia para manter a temperatura do corpo elevada. Assim, a temperatura do corpo, a velocidade dos batimentos cardíacos e a taxa metabólica são reduzidas de forma a poupar energia, sendo a sobrevivência garantida apenas a partir das reservas de gordura acumuladas no Verão e no Outono; e embora percam muito peso à medida que vão utilizando estas reservas, a sua massa proteica permanece geralmente constante ou vai diminuindo apenas gradualmente, o que é um factor essencial para a sua boa condição vital. Para mais, embora o urso pardo em estado de letargia não coma, beba, defeque ou urine, pode ser acordado facilmente para se defender de eventuais predadores, como os lobos. É por este motivo que esta letargia não é considerada por muitos especialistas como uma verdadeira hibernação (como sucede com alguns roedores). 

Dieta:São principalmente vegetarianos, mas a sua dieta é omnívora e muito diversificada. Exibem uma grande perícia na manipulação de objectos quando procuram alimento. Alimentam-se de herbáceas, frutos, raízes, sementes, insectos, mel, peixe (truta, salmão), ovos e juvenis de aves, roedores, veados, renas, alces, gado doméstico e cadáveres. Em algumas zonas, os machos podem matar quatro alces adultos, por ano, enquanto as fêmeas capturam em média apenas um.

Reprodução:
Na época de reprodução, entre Maio e Julho, há lutas entre os machos e formam-se casais por curtos períodos de tempo. A implantação do ovo na mucosa uterina é retardada por quatro a sete meses, de tal forma que a gestação propriamente dita apenas se inicia já no período de letargia, de Outubro a Dezembro, e é muito curta, com uma duração de apenas 60 dias. Assim, de Janeiro a Março, nascem dentro da toca uma a três crias (normalmente duas crias gémeas), com os olhos fechados, sem pêlo e com 10% do peso que seria de prever pelo tamanho da fêmea, ou seja 400 a 500 g. O curto período de gestação está relacionado com o risco para a sobrevivência da mãe e das crias que está associado ao grande dispêndio de energia com a gestação e o início do aleitamento, num período em que a fêmea subsiste apenas à custa das reservas de gordura que acumulou e também com a vantagem de os nascimentos ocorrerem um pouco antes do início da Primavera, na qual o alimento é mais abundante. O leite dos ursos é espesso, viscoso e muito rico em gordura e proteína. Os juvenis são desmamados com cerca de um ano e meio e permanecem com a mãe até aos três a quatro anos de idade, aprendendo com ela as técnicas necessárias à sua sobrevivência futura como adultos solitários, pelo que as ninhadas têm três anos ou mais de intervalo. Os ursos-pardos atingem a maturidade sexual entre os quatro anos e meio e os sete anos. No entanto, os machos só atingem o tamanho necessário para se tornarem reprodutores aos oito a 10 anos de idade. A sua longevidade no habitat natural é de 20 a 25 anos. 


Estatuto de conservação e principais ameaças:A espécie não está globalmente ameaçada (segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza), mas a sua área de distribuição actual é muito restrita e apenas uma fracção da original. Pertence ao Ap. I da CITES. Outrora, distribuía-se por todo o Paleárctico, desde as Ilhas Britânicas e a Península Ibérica até ao estreito de Béringue e à ilha de Hokkaido (Japão). Existia ainda nas planícies e nas montanhas do oeste do continente americano, do Alasca ao México. Contudo, na América do Norte, no princípio do séc. XIX, já estava restrita apenas às zonas montanhosas, pois os ursos eram vistos pelos colonos como predadores do gado ou competidores por espaço. Nesse mesmo século, desapareceram ainda do Norte de África. Na Europa, já só existem populações isoladas na cordilheira Cantábrica, nos Pirenéus, na Escandinávia, nos Alpes e nos Cárpatos. Na América do Norte, onde são normalmente denominados "grizzly" ("grisalho; cinzento"), encontram-se principalmente em áreas protegidas. Na Rússia ainda são relativamente abundantes, mas a exploração de recursos no leste da Sibéria está a colocá-los em risco por redução e destruição de habitat. Em suma, sempre que se encontram próximos do Homem tendem a diminuir. Apesar das suas excelentes características adaptativas, tais como a versatilidade da dieta, a curiosidade e a rápida aprendizagem, a normalmente baixa densidade populacional, associada à grande dimensão do território de que necessitam e a lenta maturação sexual (principalmente no caso dos machos) são factores que dificultam a recuperação das populações. A perda de habitat é um factor muito importante de ameaça à espécie, pois os ursos-pardos requerem muito espaço de forma a manter a variabilidade genética e evitar a consanguinidade. A maioria das reservas não é suficientemente grande e estes animais são difíceis de reintroduzir, por falta da necessária experiência de sobrevivência das fêmeas e das crias.