Ordem: CARNIVORA
Família: Ursídeos
Distribuição e Habitat : Encontram-se na Europa (cordilheira Cantábrica, Pirenéus, Escandinávia, Alpes e Cárpatos), na América do Norte e na Rússia. Vivem em florestas de coníferas, em regiões montanhosas e na tundra.
Identificação:Têm o corpo pesado e robusto, cauda curta e patas fortes com cinco garras não retrácteis, que podem atingir os 10 cm nas patas anteriores e são utilizadas para escavar o solo em busca de alimento ou de abrigo, para pescar, para trepar e para defesa. A cabeça é larga com orelhas curtas e arredondadas e o focinho é comprido. As dimensões e peso destes animais dependem da localização geográfica, da altura do ano, da disponibilidade alimentar, do sexo e da idade, mas os animais maiores tendem a ser encontrados a norte da área de distribuição da espécie. No Outono, atingem o peso máximo devido às reservas de gordura acumuladas (os machos podem chegar a pesar 780 kg, ou seja, mais do dobro do seu peso no período pós-letárgico). As fêmeas são bastante mais pequenas e leves que os machos. A pelagem é normalmente castanho-escura, embora existam variações entre os tons castanho-claro e negro. É mais densa no Outono e mais leve no início do Verão. Os juvenis apresentam, normalmente, uma banda amarelada em torno do pescoço.
Hábitos:São animais solitários, embora se possam reunir de forma relativamente pacífica em locais onde o alimento seja abundante, como acontece durante a época da desova do salmão, no Santuário de caça do rio MacNeil, no Alasca. Os territórios dos machos sobrepõem-se aos de várias fêmeas (que são mais pequenos) e de outros machos. As marcações de território são conseguidas por meio de raspagens na casca das árvores, nas quais esfregam as costas, deixando pêlos e odores. Recolhem-se durante o Inverno numa cavidade subterrânea forrada com vegetação seca ficando num estado letárgico. Este está relacionado com a escassez de alimento nesta altura do ano, uma vez que é necessária bastante energia para manter a temperatura do corpo elevada. Assim, a temperatura do corpo, a velocidade dos batimentos cardíacos e a taxa metabólica são reduzidas de forma a poupar energia, sendo a sobrevivência garantida apenas a partir das reservas de gordura acumuladas no Verão e no Outono; e embora percam muito peso à medida que vão utilizando estas reservas, a sua massa proteica permanece geralmente constante ou vai diminuindo apenas gradualmente, o que é um factor essencial para a sua boa condição vital. Para mais, embora o urso pardo em estado de letargia não coma, beba, defeque ou urine, pode ser acordado facilmente para se defender de eventuais predadores, como os lobos. É por este motivo que esta letargia não é considerada por muitos especialistas como uma verdadeira hibernação (como sucede com alguns roedores).
Dieta:São principalmente vegetarianos, mas a sua dieta é omnívora e muito diversificada. Exibem uma grande perícia na manipulação de objectos quando procuram alimento. Alimentam-se de herbáceas, frutos, raízes, sementes, insectos, mel, peixe (truta, salmão), ovos e juvenis de aves, roedores, veados, renas, alces, gado doméstico e cadáveres. Em algumas zonas, os machos podem matar quatro alces adultos, por ano, enquanto as fêmeas capturam em média apenas um.
Reprodução:
Na época de reprodução, entre Maio e Julho, há lutas entre os machos e formam-se casais por curtos períodos de tempo. A implantação do ovo na mucosa uterina é retardada por quatro a sete meses, de tal forma que a gestação propriamente dita apenas se inicia já no período de letargia, de Outubro a Dezembro, e é muito curta, com uma duração de apenas 60 dias. Assim, de Janeiro a Março, nascem dentro da toca uma a três crias (normalmente duas crias gémeas), com os olhos fechados, sem pêlo e com 10% do peso que seria de prever pelo tamanho da fêmea, ou seja 400 a 500 g. O curto período de gestação está relacionado com o risco para a sobrevivência da mãe e das crias que está associado ao grande dispêndio de energia com a gestação e o início do aleitamento, num período em que a fêmea subsiste apenas à custa das reservas de gordura que acumulou e também com a vantagem de os nascimentos ocorrerem um pouco antes do início da Primavera, na qual o alimento é mais abundante. O leite dos ursos é espesso, viscoso e muito rico em gordura e proteína. Os juvenis são desmamados com cerca de um ano e meio e permanecem com a mãe até aos três a quatro anos de idade, aprendendo com ela as técnicas necessárias à sua sobrevivência futura como adultos solitários, pelo que as ninhadas têm três anos ou mais de intervalo. Os ursos-pardos atingem a maturidade sexual entre os quatro anos e meio e os sete anos. No entanto, os machos só atingem o tamanho necessário para se tornarem reprodutores aos oito a 10 anos de idade. A sua longevidade no habitat natural é de 20 a 25 anos.
Estatuto de conservação e principais ameaças:A espécie não está globalmente ameaçada (segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza), mas a sua área de distribuição actual é muito restrita e apenas uma fracção da original. Pertence ao Ap. I da CITES. Outrora, distribuía-se por todo o Paleárctico, desde as Ilhas Britânicas e a Península Ibérica até ao estreito de Béringue e à ilha de Hokkaido (Japão). Existia ainda nas planícies e nas montanhas do oeste do continente americano, do Alasca ao México. Contudo, na América do Norte, no princípio do séc. XIX, já estava restrita apenas às zonas montanhosas, pois os ursos eram vistos pelos colonos como predadores do gado ou competidores por espaço. Nesse mesmo século, desapareceram ainda do Norte de África. Na Europa, já só existem populações isoladas na cordilheira Cantábrica, nos Pirenéus, na Escandinávia, nos Alpes e nos Cárpatos. Na América do Norte, onde são normalmente denominados "grizzly" ("grisalho; cinzento"), encontram-se principalmente em áreas protegidas. Na Rússia ainda são relativamente abundantes, mas a exploração de recursos no leste da Sibéria está a colocá-los em risco por redução e destruição de habitat. Em suma, sempre que se encontram próximos do Homem tendem a diminuir. Apesar das suas excelentes características adaptativas, tais como a versatilidade da dieta, a curiosidade e a rápida aprendizagem, a normalmente baixa densidade populacional, associada à grande dimensão do território de que necessitam e a lenta maturação sexual (principalmente no caso dos machos) são factores que dificultam a recuperação das populações. A perda de habitat é um factor muito importante de ameaça à espécie, pois os ursos-pardos requerem muito espaço de forma a manter a variabilidade genética e evitar a consanguinidade. A maioria das reservas não é suficientemente grande e estes animais são difíceis de reintroduzir, por falta da necessária experiência de sobrevivência das fêmeas e das crias.
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